
A tarifa anunciada sobre produtos brasileiros em uma carta de Donald Trump, endereçada a Lula, foi de 50% a produtos brasileiros. A nova taxa deverá entrar em vigor em 1° de agosto. Para justificar a elevação da tarifa, o americano cita Jair Bolsonaro e diz que o julgamento do ex-presidente no Supremo como “uma vergonha internacional”.
Trump apresentou argumentos comerciais para a nova alíquota quando diz, “entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de tarifas, políticas não tarifárias e barreiras comerciais brasileiras”.
Trump também cita “caso o Brasil decida abrir seus mercados comerciais até hoje fechados aos Estados Unidos e eliminar suas tarifas, políticas não tarifárias e barreiras comerciais, talvez consideremos um ajuste nesta carta."
Antes da carta, o presidente americano falou sobre as taxas para vários países.
“O Brasil, por exemplo, não tem sido bom conosco, nada bom”, disse.
Governo tentava negociar com os EUA
Antes de saber da taxação, o vice-presidente e o ministro da Indústria e Comércio ainda tentava diálogo.
“Eu não vejo nenhuma razão para aumento de tarifa em relação ao Brasil. Brasil não é problema para Estados Unidos, é importante sempre reiterar isso. Nós não vamos mudar o tom, né? O tom tem que ser o mesmo. Nós temos 200 anos de amizade com Estados Unidos, dois séculos”, disse Alckmin.
Encarregado de negócios dos EUA é convocado pelo Itamaraty
O dia de crise começou por volta do meio dia, quando a embaixada dos Estados Unidos divulgou uma nota que diz “que Jair Bolsonaro e a família, classificado como fortes parceiros dos Estados Unidos, são alvo de uma perseguição política, e que isso envergonha e desrespeita as tradições democráticas do Brasil”.
Menos de duas horas depois, o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, para explicações. Na linguagem diplomática, isso representa uma espécie de reprimenda.
“Nós estamos já há seis, sete meses sem embaixador americano aqui no Brasil. O que mostra também a maneira como o Departamento de Estado e o governo Trump estão encarando o Brasil”, disse o ex-embaixador do Brasil em Londres e Nova York, Rubens Barbosa.
Gabriel Escobar foi recebido pela embaixadora Maria Luísa Escorel, secretária de América do Norte e Europa do ministério. A conversa durou cerca de meia hora. Escorel manifestou que há uma intromissão indevida sobre um fato que diz respeito à soberania nacional.
O presidente americano já tinha defendido o ex-presidente Jair Bolsonaro, dizendo que ele é alvo de perseguição, em uma “caça às bruxas”.
Veja a carta na íntegra
9 de julho de 2025
Sua Excelência
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil
Brasília
Prezado Sr. Presidente:
Conheci e tratei com o ex-Presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!
Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos (como demonstrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes. Mercadorias transbordadas para tentar evitar essa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta.
Além disso, tivemos anos para discutir nosso relacionamento comercial com o Brasil e concluímos que precisamos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco.
Por favor, entenda que os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual. Como o senhor sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos tudo o possível para aprovar rapidamente, de forma profissional e rotineira — em outras palavras, em questão de semanas.
Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!
Além disso, devido aos ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais desleais, estou instruindo o Representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação da Seção 301 sobre o Brasil.
Se o senhor desejar abrir seus mercados comerciais, até agora fechados, para os Estados Unidos e eliminar suas tarifas, políticas não tarifárias e barreiras comerciais, nós poderemos, talvez, considerar um ajuste nesta carta. Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do relacionamento com seu país. O senhor nunca ficará decepcionado com os Estados Unidos da América.
Muito obrigado por sua atenção a este assunto!
Com os melhores votos, sou,
Atenciosamente,
DONALD J. TRUMP
PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
